terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Permita-me dissertar, sobre aquele ponto distante,
aquele, sempre oscilante
afogado em mágoas e coroado a sete velas
sim, você já o viu, perdeu-o mas reagiu
subiu ao telhado e gritou: corroeram meu arpoador!
é como delírio,cresce, toma forma, e ignora
ignora você, quem o permitiu crescer,
agora bebe, de um leito azul escuro
rodeado por um muro, onde as almas se perderam
quem, em sã consciência pularia por lá?
insanos, devassos, dementes, mendigos
mas por que tanta diferença se não fossem os nossos abrigos?
a tv, cheia de ''d''s, chamou-nos para dançar, aquela velha cantiga de roda,
e nós, inocentes como a vida, entramos na roda, e giramos, felizes
perdendo o passo e a visão, caindo no leito, na tentação
é armado o circo, belo, luxuoso, divertido
o palhaço está a nossa frente, ou está aqui mesmo sentado?
ouvimos então, aquele regozijo, declamado aos sete mares
defendido até a morte, praticado até a esquina...
mas por que? oh céus, a ironia persiste tanto?
gostaria de correr, mas só me prendo pelos cantos.
Se há, de qualquer maneira, o mundo dos poetas
este que se misture ao dos mortais, e sejam os acalantos,
que mantenham o encanto, desses pobres injustiçados...