domingo, 3 de junho de 2012


Mudaram os termos, os medos, os quadros
enfatizaram o novo, o livre e o mercado,
déspota de nossos tempos, foi divinizado

Expuseram em todas as vitrines,
anunciaram em todas as cidades,
esqueçam a utopia,
venham servir a burguesia

Irrompe, assim como no passado,
a subserviência dos povos domados
ludibriados pelo brilho intangível
que nos é apresentado

Enquanto nos subúrbios e na central
apresentam-se os filhos do capital
dos mais mimados até os bastardos
ambos fingindo não estarem lado a lado

Em meio a fome, um gesto nobre:
solidariedade para ajudar o pobre
em suas fotos, estão sorridentes
mas nas ruas continuam indigentes

O ópio nas massas se instala,
''que haja pão e haja circo na senzala!''
na contramão, os revoltados
os que tiveram seus direitos revogados

Consolida-se a ''paz'', sorrindo opressora
intimida-se a voz, que perde sua força
silenciada em plena luz do dia
pelo produto de sua própria mais valia

Mas oh, cultura nefasta,
por que persiste em durar tanto?
sua eficiência em se manter no poder
nos remete ao desencanto

Mas em cantos e recantos
há de ter meios para tanto
afinal, ganância pós ganância,
não sobrarão nem seus bancos  

Nos resta, portanto,
buscar lembrar de toda a escória
buscar coragem em outros tantos
e destituir essa memória.

A alforria dos novos tempos
presenteará as novas gerações,
fará sucumbir os desalentos,
em uma existência sem grilhões.