Tudo é breve
Da folha que cai
ao corpo que jaz
Das grandes odisseias
ao amor de uma única noite
Tudo é movimento
Justo por tudo ser breve
a indiferença mais mesquinha
ou a paixão mais intensa
se diluem frente ao relógio
Nós somos anda mais breves
Mas uma breviedade inquieta
imune à indiferença
nem o maior dos nilistas consegue ignorar
as agruras e belezas da vida
Gostamos das coisas breves
de lembrar os décimos de segundo
do momento perfeito, o sorriso
que lhe fita e tira o fôlego
do grande feito à ação inesperada
Mas tememos as coisas breves
Como quem não percebe
o pouco que vai nos restar
se na ânsia de evitar vivê-las
nos perdemos em nossa breviedade
E de tanto gostar e temer
Fugir e encontrar
É hora de recomeçar, de novo
Porque tudo é movimento.
E a indiferença não é opção