Sois vossas trevas, vosso cálice inacabado
Pois mortos, não teremos volta,
Pois vivos, não teremos fim.
Sois vossa escória e vossa inconsequência
Vossa criação, estúpida e ordinária
antes convertidos em novos soldados
em nome da pátria grande que nos matava
Soldados tristes, mudos,
deslocados no tempo imóvel
da execução sumária do ser
mas, em tempo, estes pereceram
Surgiu outro, o último soldado
Lento e generoso, chegou e se instalou
da execução sumária do ser
mas, em tempo, estes pereceram
Surgiu outro, o último soldado
Lento e generoso, chegou e se instalou
Nos lares das famílias, surdas e simplórias
Negou sua pátria, seu chão, seus criadores
Revelou-se ingrato, sujo e perseguido
Mas ganhou abrigo, novos braços e ouvidos
que seguiram sua sina, sua última rima
para viverem juntos, neste sonho proibido
para viverem juntos, neste sonho proibido
O soldado da alegria, da guerra dos cientes
Das promessas belas e das fábulas eternas
Caminha em seu verso único, simples e amável
Preparando-se para a última dor inevitável
A dor de vossos soldados, criações obedientes
que embateriam seus irmãos, imemoráveis dissidentes
Meliantes profanos da desordem delinquente
não merecedores do perdão, das pátrias includentes
Vosso ódio, porém, nada pôde fazer
vossa vontade não pudera ser correspondida
o último soldado estava a festejar e cantar
em cada rua da cidade vociferando seu fim iminente
Não houve embate, tampouco sangue
venceram todos, perderam poucos
vosso privilégio restituiu nossa igualdade
e nossos soldados, foram os últimos soldados.
A dor de vossos soldados, criações obedientes
que embateriam seus irmãos, imemoráveis dissidentes
Meliantes profanos da desordem delinquente
não merecedores do perdão, das pátrias includentes
Vosso ódio, porém, nada pôde fazer
vossa vontade não pudera ser correspondida
o último soldado estava a festejar e cantar
em cada rua da cidade vociferando seu fim iminente
Não houve embate, tampouco sangue
venceram todos, perderam poucos
vosso privilégio restituiu nossa igualdade
e nossos soldados, foram os últimos soldados.
Não poderia ter tido melhor iniciação para a leitura da sua literatura. A 'Primeira' poesia que eu li foi a do 'último' soldado!
ResponderExcluirMe emocionei muito ao ler... Enxerguei, neste soldado-coletivo, o companheiro Che, o companheiro Zumbi, o companheiro Felipe Mesquita, e tantos outros companheiros que se juntam nesta luta histórica como um só soldado, "para viverem juntos, neste sonho proibido"!
Um pouco de poeta e um pouco de profeta: "o último soldado estava a festejar e cantar
em cada rua da cidade vociferando seu fim iminente" (aqui sim você dialoga com o Vai Passar do Chico, mais que no Cálice!), são versos que estimulam a nossa vontade de continuar esta luta para que nós sejamos os últimos soldados! E para enfim vivermos num mundo sem guerras!